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domingo, 7 de abril de 2013


por Sandy Glenda

INTRODUÇÃO
Falar de Caco Barcelos é falar diretamente de jornalismo investigativo. Durante a ditadura militar, trabalhou em veículos de imprensa alternativa. Passou pelas revistas Repórter, IstoÉ e Veja. Já cobriu guerras, catástrofes naturais, guerrilhas e se dedicou a grandes reportagens investigativas. Na Globo, trabalhou como repórter do Jornal Nacional, do Fantástico e do Globo Repórter. E, agora, está à frente do Profissão Repórter, Caco Barcelos comanda os jornalistas, a frente e atrás das câmeras, ou seja, nos bastidores da informação.


Investigação Jornalística
- Caco Barcellos
A investigação jornalística se faz com o repórter ativo, que investiga antes que a informação se torne pública. Que ouve os envolvidos e, a partir das declarações, começa a investigar, confrontar a declaração com os fatos que apurou.
Caco Barcellos traz em seu trabalho a marca da luta em defesa dos Direitos Humanos, o reconhecimento por conta disso e da constante reflexão que faz sobre o papel dos jornalistas na rotina das pessoas.
O jornalista destaca situações de amplo confronto nas cidades, onde a classe social influi sobre a atitude tomada pela política de Segurança Pública. O que deveria ser denunciado pelos jornalistas, mas segundo seus registros na cobertura de assuntos policiais a imprensa também dá tratamento diferenciado às pessoas pelo critério de sua condição social.
Barcellos coloca-se como um profissional incomodado com a realidade da imprensa e busca não apenas ouvir a versão oficial dos fatos, mas um pluralismo maior de pessoas e histórias, o contexto, as nuances, o olhar da vítima e não apenas apontar o dedo para quem cometeu aquele dano.
Em sua jornada já se enfiou nas entranhas da guerra que assusta ricos e pobres do Brasil. Conheceu os porões de delegacias e bocas de fumo, promotores e traficantes, pacifistas e matadores. Jura ser avesso ao risco e só não teme uma bala vingativa porque trata com respeito e imparcialidade seus alvos.
Algumas vezes estabelece a utilização de identidade falsa para misturar-se entre os envolvidos na investigação para apurar dados como uma prática, e usa de um discurso que coloca a situação da investigação como complexa, ele dispensando maiores esclarecimentos sobre o uso deste recurso.
- Caco Barcellos e Profissão Repórter
O Profissão repórter é um programa que ele mesmo idealizou, em que chefia e apresenta uma jovem equipe de repórteres de TV. Com a inabalável fé na capacidade transformadora da informação, a mesma que, segundo ele, também alimenta a onipresente paranoia urbana.
A ideia de fazer o Profissão Repórter surgiu do seu constante envolvimento com outras histórias e da preocupação em ouvir todos os lados, fazer algo equilibrado. Dessa forma pensou em fazer reportagens em grupos, sobre o mesmo tema, com ângulos diferentes, de forma simultânea, deixando mais completa e permitindo uma narrativa mais rápida.
A seleção de jovens recém formados, deve-se ao objetivo do programa em servir como uma espécie de “treinamento” para os jornalistas, desafiando-os a superar obstáculos. Na condução do desafio, o jornalista Caco Barcellos orienta os participantes ensinando-lhes a lidar com as dificuldades da profissão. Cada reportagem representa um novo desafio a ser vencido.
- Profissão Repórter
O programa Profissão Repórter exibido pela Rede Globo se apresenta como um produto “híbrido” do jornalismo investigativo por reunir características de diferentes gêneros. Dentro da perspectiva de trabalhar a informação de forma mais aprofundada, o quadro Profissão Repórter idealizado pelo jornalista Caco Barcellos é composta por uma equipe de jovens jornalistas. Os métodos e práticas utilizadas pelos profissionais se diferenciam da cobertura padrão do telejornalismo. Além de informar o telespectador, o programa mostra todo o processo de produção da reportagem desde a apuração até a edição, apresentando assim todas as dificuldades envolvidas no trabalho dos repórteres.
Caco Barcellos e a equipe de jovens repórteres vão às ruas para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato, da mesma notícia. A linha de atuação da equipe é o levantamento e a checagem de informações relevantes e que contribuam para esclarecer situações que não tiveram desfecho ou são desconhecidas pelo público, embora de interesse da sociedade. Nas narrativas, elementos do cotidiano dos personagens são revelados. O jornalismo investigativo está presente na sua preocupação em trazer uma reportagem mais aprofundada e detalhada dos fatos. O programa investe tempo e dinheiro na produção de suas reportagens, deslocando sua equipe para qualquer lugar a fim de trazer a informação.
Apesar de explorar a subjetividade do repórter o programa consegue manter a imparcialidade, princípio básico do jornalismo, ouvindo sempre todos os lados da notícia e não se posicionando nem a favor nem contra. Ele simplesmente funciona como um mediador entre a notícia e o público, reportando os acontecimentos.


CONSIDERAÇÕES
Caco Barcellos e Profissão Repórter estão diretamente ligados, pois o programa é uma ideia que surgiu dele. A intenção de Barcelos é mostrar os diferentes ângulos da notícia com a ajuda de seus repórteres, ele é quem conduz o programa diretamente das ruas, onde a notícia acontece.
O estilo adotado pelo programa chama a atenção se comparado a outros de seu gênero. Profissão Repórter incorpora uma informalidade visível tanto em sua estética como em seu conteúdo, sem comprometer a credibilidade da informação reportada, mas aproximando público dos produtores de conteúdo.
A postura mais liberal do programa permite o aparecimento da subjetividade do repórter, dando vazão para um comportamento mais humano, mais próximo do telespectador. A subjetividade não é vista como um problema, mas sim como parte da própria ideologia do programa.

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